Hepatite C – Da descoberta aos tratamentos modernos

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Hepatite C – Da descoberta aos tratamentos modernos

1. Existem muitas pessoas infectadas pela hepatite C no Brasil e no mundo?

Estima-se que 185 milhões de pessoas estejam infectadas pelo vírus da hepatite C em todo o mundo. Destas, 60 a 70% desenvolverão doença crônica do fígado, resultando em 350.000 mortes por ano. No Brasil, há pelo menos 1,5 milhão de pessoas portadoras desta doença. Infelizmente, a maioria das pessoas infectadas não sabem que tem hepatite C. E muito menos que existe hoje tratamento eficaz e seguro, com altas chances de cura, evitando evolução para cirrose e câncer de fígado.

O vírus da hepatite C foi descoberto há menos de 30 anos, em 1.989. A partir de 1.993 a tecnologia para identificar esta infecção chegou aos bancos de sangue do Brasil. Antes disto, no entanto, muitos portadores assintomáticos transmitiram a hepatite C para outras pessoas através de doação de sangue, compartilhamento de objetos pessoais, seringas e agulhas usadas para injeção de drogas, procedimentos médicos invasivos, entre outros meios.

2. Formas de transmissão – posso ter hepatite C?

Devido à forma de transmissão do vírus da hepatite C, alguns grupos tem maior risco de ter esta doença. A principal forma de adquirir a hepatite C é através do contato direto ou indireto com sangue contaminado com o vírus. Portanto, são consideradas formas de transmissão:

– Uso de drogas injetáveis ou inaláveis;
– Ter recebido transfusão de sangue ou hemoderivados (especialmente antes de 1.993);
– Hemodiálise;
– Procedimentos médicos invasivos (cirurgia, injeções, endoscopia);
– Tratamentos odontológicos;
– Tatuagens ou piercings;
– Procedimentos de manicure e pedicure;
– Relações sexuais desprotegidas.

A transmissão sexual da hepatite C não é comum, mas pode acontecer esporadicamente, especialmente em grupos de risco (pessoas com múltiplos parceiros e infectadas pelo HIV).

3. Quais os sintomas da hepatite C?

A evolução da hepatite C costuma ser silenciosa. Infelizmente, grande parte dos pacientes só apresenta sintomas quando já está em fase avançada da doença (cirrose descompensada).

Mesmo na fase aguda da doença, 80% dos indivíduos não tem sintomas. Menos de 20% terão sintomas inespecíficos como falta de apetite, mal estar, fraqueza e dor na barriga. Sintomas mais sugestivos de hepatite como a icterícia (olhos e/ou pele amarela) acontecem em menos de 10% dos casos.

Por isso, o ideal é que não se esperem sintomas para se diagnosticar a hepatite C. Desta forma, uma das estratégias utilizadas é pesquisar esta infecção nas pessoas com fatores de risco, que incluem a exposição às formas de transmissão descritas acima, além de em indivíduos com mais de 40 anos, já que estes também tem um risco aumentado de hepatite C.

4. Como é feito o diagnóstico da hepatite C?

O diagnóstico da hepatite C é feito através de exames de sangue. Na maioria dos casos, o exame inicial solicitado é a sorologia, ou seja, a pesquisa de anticorpos contra o vírus da hepatite C. Quando a sorologia é positiva, o médico então solicita a pesquisa do vírus no sangue, através de uma técnica conhecida como PCR (polymerase chain reaction).

Exames adicionais geralmente são necessários e podem incluir a genotipagem (que identifica diferentes tipos de vírus da hepatite C), biópsia hepática, elastografia (exame não invasivo que ajuda a saber se a doença do fígado está em fase avançada) e exames de sangue para determinar lesão e função do fígado e de outros órgãos (como os rins e a tireóide). Estes exames são importantes para decidir sobre a necessidade do tratamento, quais drogas utilizar e quais os riscos do tratamento.

5. Qual é o tratamento da hepatite C?

Existem diversas medicações que podem ser utilizadas no tratamento da hepatite C. Entre elas, existem algumas mais antigas, como o interferon peguilado e a ribavirina, e outras mais modernas, como o sofosbuvir, simeprevir e daclatasvir. Estas últimas foram aprovadas recentemente no Brasil e trazem grandes esperanças às pessoas que precisam tratar a hepatite C. Isto porque elas oferecem uma alta chance de cura (na maioria dos casos acima de 90%) com menos efeitos colaterais. A escolha do medicamento depende de fatores como o genótipo do vírus, o grau de lesão do fígado, tratamentos prévios, outros problemas de saúde e outros medicamentos em uso.